A revolucionária fotografia de Cidadão Kane

Cidadão Kane se tornou um marco na história do cinema não somente por sua narrativa inovadora, mas também por suas técnicas de direção de fotografia.
Cidadão Kane é um filme de 1941 dirigido e estrelado por Orson Welles. O longa teve uma estreia um tanto quanto morna, ele não foi um sucesso de bilheteria e mesmo tendo concorrido a nove categorias do Academy Awards ganhou apenas uma. Porém, hoje, ele é visto como ums dos melhores filmes já feitos na história, tanto pela direção de Welles quanto pela magnífica cinematografia de Gregg Toland.


Poster do filme Cidadão Kane

O filme se inicia com a morte do protagonista Charles Foster Kane, que em seu último suspiro pronuncia a palavra “rosebud”.  Como ele era um homem muito rico e poderoso, dono de várias empresas e  um magnata da comunicação, os jornais passam a investigar qual seria o significado da última palavra proferida por Charles.

O brilhantismo do filme se dá tanto por sua narrativa com progressão não linear, quanto pelas técnicas de fotografia empregadas na composição das cenas que não somente trazem beleza as imagens do filme, mas também por serem usadas como ferramentas que contribuem muito para o desenvolvimento da história.

A utilização de longos planos sequência que dão mais ênfase na interpretação dos atores, ou os enquadramentos em contra-plongée que muitas vezes são usadas para demonstrar a grandeza de Kane são exemplos de técnicas que serviram como base para vários outros filmes. Contudo, o artifício que se sobressai é a grande profundidade de campo.

Essa não foi uma técnica inédita no cinema, mas o modo como ela foi aplicada, sim. Com uma grande profundidade várias coisas puderam ser feitas de maneira diferente dos padrões cinematográficos da época, como por exemplo o modo como os atores entravam em cena, que costumava ser apenas pelas laterais, agora pode ser feitos de maneiras mais variadas ou os cortes constantes para mostrar elementos diferentes agora não eram mais necessários. Uma cena interessante em que podemos ver a profundidade de campo sendo usada, é quando Kane e sua segunda esposa Susan Alexander estão conversando dentro da grande mansão Xanadu. 

Legenda: Cena com Charles Kane e Susan Alexander conversando na mansão Xanadu
Descrição: Em primeiro plano, vemos Susan olhando para baixo, na frete dela esta Kane sentado em uma enorme cadeira. A distancia entre os dois é enorme, e entre eles existe um sofá.
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Nesta cena, a profundidade de campo é utilizada para mostrar vários elementos de uma só vez, ela serve tanto para nos dar noção do quão grande é a mansão, mas também demonstra, de maneira simbólica, que o casal já está se distanciando, e ainda passa ao espectador o sentimento de solidão que encaixa perfeitamente nas emoções do personagem principal, e são cenas como essa que tornam esse filme quase que como obrigatório na repertorio de qualquer cinéfilo, ou apaixonado por fotografia. 

Agora é sua vez de ver o filme e ficar com olhos atentos nesses elementos! E não se esqueça de contar suas impressões sobre o filme para outros fãs de cinema e fotografia no nosso grupo do facebook!