#leitura - Rituais fúnebres em "Ventos de Agosto"

Se você soltou pipa algum dia na vida, sabe que os tão esperados ventos de Agosto são bem fortes!


Ventos de Agosto (2014), filme brasileiro dirigido por Gabriel Mascaro, explora a dicotomia entre vida e morte de  forma bem inesperada para quem geralmente está habituado aos rituais fúnebres tradicionais. Entre as ondas do mar e o vento lançado à praia, o personagem interpretado por Gabriel Mascaro, chega à comunidade de Porto de Pedras (AL) e muda todo o cotidiano das pessoas que residem na “quarta curva depois da boca do rio, quebrando a esquerda”.


Shirley e Jeison conversam com um dos pescadores da comunidade acerca do crânio que Jeison encontrou no mar ao fazer um mergulho. Fotograma de Gabriel Mascaro, cena do filme “Ventos de Agosto” de 2014. 28 '54''.

Interpretada por Dandara de Morais, Shirley e Jeison, interpretado por Geová Manoel, vivem um relacionamento de descobertas e buscam consolidar suas identidades. Shirley saiu da cidade, para cuidar de sua avó, com o sonho de se tornar uma tatuadora e Jeison, mora com seu pai na pequena comunidade. 

Era para ser um dia como o outro, mas Jeison encontra um crânio no mar, e sua relação com a morte muda a partir daí. Mas essa história não envolve apenas Jeison. Toda a comunidade vai se dando conta da importância dos seus mortos, que tomam conta do enredo do filme, evidenciando que a memória, a história e as lembranças das pessoas em relação ao local em que vivem, também são narradas por quem já passou  na comunidade.


Shirley e Jeison, sentados em um túmulo, conversando sobre a vida na comunidade.  Fotograma de Gabriel Mascaro, da cena do filme “Ventos de Agosto” de 2014. Cena do cartaz de exibição da Cultura.PE.


Segundo Cohen (2002, p.2) “estudos arqueológicos indicam que rituais e práticas concernentes à morte e ao cadáver são tão antigos quanto o homem de Neanderthal ou seus ancestrais. O tratamento proposto ao corpo, os objetos colocados junto a ele,  sua posição no sepultamento, as pinturas e as inscrições em sua lápide, consistem em indícios da elaboração de valores e crenças sobre a vida e a morte. Aliás, rituais fúnebres encenam  a morte, tanto quanto a vida. (apud MENEZES, GOMES, 2011. p. 122).

Gostou do filme? Deixe aqui nos comentários suas experiências com rituais fúnebres, dicas e afins.  Até a próxima!



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