Diante da dor dos outros

 

Sontag analisa imagens da guerra, desde as pinturas de Goya até fotos do atentado do 11 de setembro, refletindo e criticando nossa relação com elas.

Susan Sontag foi uma importante intelectual e escritora norte-americana. Cursou filosofia na Universidade de Chicago e fez pós-graduação na Universidade de Harvard, além de ter estudado literatura e teologia. Defensora dos direitos humanos, foi presidente do American Center of PEN (1987-1989), organização de escritores que lutavam pela liberdade de expressão, onde liderou diversas campanhas a favor de autores presos ou perseguidos. 

Legenda:Susan Sontag em 1993, Alen Macweeney/Corbis/Getty Images
Descrição: uma mulher encara a câmera enquanto se encosta no que parece ser uma porta.

Sontag publicou diversos romances, ensaios críticos e peças de teatro. Nos últimos anos de sua vida foi uma crítica do governo de George W. Bush e da Guerra do Iraque, o que pode ser percebido em seu último livro publicado em vida: Diante da dor dos outros (2003). Editado no Brasil pela Companhia das Letras, este livro retoma um dos pontos abordados pela autora em Sobre Fotografia, o de que o impacto das imagens violentas de guerra já teria diminuído por causa de seu uso constante pela mídia. 

Em Diante da dor dos outros, a ensaísta analisa diversas imagens violentas desde os quadros de Goya da guerra até os registros do atentado do 11 de setembro, passando pelas fotografias dos campos de concentração nazistas refletindo sobre questões como o fato de fotos de guerra terem sido encenadas faz com que elas percam sua força para o “público” ou se a divulgação dessas imagens  em revistas e jornais podem fazer com que elas se tornem banais, entre muitas outras. Cada capítulo do livro rende um debate.

Legenda: capa do livro, Companhia das Letras
Descrição: uma ilustração de um homem enforcado em uma árvore enquanto outro homem o encara. Na frente estão o título do livro, o nome da autora e da editora.

Um dos momentos mais interessantes do livro é quando a escritora condena a constante afirmação do senso comum de que por causa da mídia, a guerra se tornou um espetáculo. Ela classifica a afirmação como provinciana, já que partiria apenas de um grupo seleto de pessoas que jamais vivenciou a dor e a violência, a não ser através da tv e dos jornais.

Eu já havia lido e escrito sobre um livro de Sontag aqui para o blog, e como havia dito naquele post, fiquei muito intrigada para conhecer mais obras da autora. E posso dizer que essa segunda leitura não decepcionou, e por abordar um tema tão complexo como nossa relação com imagens de violência, conseguiu ser ainda mais engajante que o Sobre Fotografia, outro livro incrível.  

Mesmo tendo falecido há mais de uma década atrás, em 2004, Susan Sontag continua uma autora extremamente atual, trazendo reflexões não só sobre fotografia, mas sobre a mídia, o comportamento humano e a forma como retratamos a guerra dependendo de onde ela ocorre. Leitura indispensável.

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